Primeiro passo. Segundo passo. Mais devagar, meu bem... O compasso, ainda em impasse, atentando ao pé que vem. Primeiro passo. Segundo passo. Um leve enlace nos mantém. E verte vãos e vãs palavras no estreitar que nos impele. E deixa o tango se expressar o que nome ainda não tem... Primeiro passo, segundo passo, a face roçando a face: teu rosto é o calor de todo o corpo que te respiro com mil vontades. E o roteiro dessa dança se repete, mas encontro na vertigem a brecha do próximo passo. O beijo, por tão pouco... O beijo, tento de novo? O beijo. Definitivo. E o limite entre nós se indefinindo. Avançamos sutilmente ao botão do teu vestido... Com a mão que também é tua, mas você a detém. E a mão se recolhe, não se perdoa, nem pode se perdoar... Só teus lábios o fazem, selando as juntas de dois dedos. Traz assim o sossego... Antes mesmo do ato. A conversa antes do ato, conversa sobre filmes e medos... Cafuné antes do ato, chegamos a um veredito: os dois já estão envolvidos, e o crime será consumado.