Tivemos bons momentos, você me lembra. Faz questão de relembrar. Perdoe-me, meu bem, não é o que eu procuro. Risadas, afagos, exageros verborrágicos... Quem de nós nunca antes? Diante mesmo de um desconhecido. A novidade nos toca, as palavras se precipitam. Devo lembrá-la da comoção do corpo que, se gozasse de novo, presumia seu fim? Livre do resto do mundo, resguardada entre meus dedos, teu peso sobre meu peito confessava sem nenhum entendimento... O bom momento. O meu momento. O teu momento sob a custódia do meu. No bom momento é fácil crer que me ama: sou impecavelmente adorável. Eu viveria de bons momentos se todo o resto não me fosse inevitável... E, inevitável, eu o espero. Chego mesmo a desejá-lo. Confrontar o inevitável é um dom que não me nego. Que venha o pior dos momentos, em mim contido até que exploda, e, frágil, terrivelmente frágil, me exponha aos teus olhos dizendo: ainda sou eu, ainda é você, tudo aqui ainda é amor...
A partir disso, só pode haver o sublime.