Eu te amo...
Agora sei, não era sentença de verdade. Eu te amo era uma aposta, e fiz em mim tudo perder. Temi o blefe. A derrota. Não paguei para ver. Tomei o euteamo de volta, sou o dono da bola e desse jeito não jogo. Esperei pela fatal entrega, que me dissesse "você venceu". 
Tarde demais, mas teu por direito, reconheço: eu te amo. Em cada vão nome, por todos os tempos, reitero: eu te amo. Sentença de karma. Sentença que sonha. Te alcançar ainda a tempo... Branca, sinuosa e branca, sobre o colchão que um dia tivemos. De túneis de lençol emersos, deslizando em minha perna dormente, teus pés pediam meus olhos, docemente invocando, eu te amo, eu te amo... Palavras que reincidiam como se ensinasse a um bebê. E eu, que aprendi a julgar, a sorrir prepotente antes mesmo de andar, eu sorria e então julgava: palavras precipitadas, o que você sabia do amor? 
Menos sabia eu, a julgar pela aposta tão baixa.